A Presidente Dilma Rousseff resolveu falar. Ou foi
pressionada a isso. Não importa. Pronunciou.
Hibernado, o Brasil acordou. Mais de 20 anos depois do ato
que tirou um Presidente de seu cargo em nosso país.
Durante os últimos anos, dezenas de marchas que reivindicavam
algo eram ignoradas pelo governo. Marcha dos Professores, Marcha da Maconha,
Marcha contra Feliciano, Marcha contra Renan Calheiros...
Eis que um aumento de R$0,20 nas passagens de ônibus e metrô foi a gota d’agua
para um país que tentava a anos se fazer ouvir a esmo. E foi essa “casca de
ferida cutucada” que gerou os milhares de protestos e manifestações que vimos
pelo país nessa semana.
Em São Paulo, onde tudo começou, o governador Geraldo
Alckmin que tem o trunfo de ter sido um dos melhores governadores do Estado em
seu último mandato e por isso ganhou as últimas eleições logo no primeiro
turno, se manteve visivelmente contra os pedidos dos manifestantes. Generalizou
manifestantes e vândalos e foi contra a revogação do valor da passagem.
Haddad, o Prefeito, aparentou estar com a “batata quente”
nas mãos e queria resolver isso rapidamente, exercendo exatamente o seu papel.
E conseguiu. O valor da passagem voltou a ser R$3,00. Alckmin, em seu papel de
vilão mimado, anunciou cortes em investimentos.
E, lá longe, em Brasília, de costas, preocupada com a
absurda inflação que assola o país e que havia sido extinta (ou pelo menos
controlada) na fase FHC, está a Presidente. Cega. Surda e Muda. Fingindo que
nada estava acontecendo enquanto o povo implorava por solução, ou pelo menos
por um pronunciamento de mentiras.
O povo teve que ameaçar atear fogo no Itamaraty e sugerir
Impeachment para que a Presidente se virasse um pouco para vê-los.
“Dona Dilma, o seu
pronunciamento hoje, desde que a senhora tomou posse na Presidência da
República, é o mais importante que a senhora vai fazer. Eu diria mais,
presidenta, hoje realmente é o início com relação ao destino do prestígio do
seu nome junto à sociedade. Caiu dez pontos? Caiu. Mas, a partir de hoje, vai
se decidir o rumo: se ela vai continuar caindo ou se ela vai se estabilizar e
começar a subir”, afirmou no plenário o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
E bastou. Dilma se reuniu a Lula, confirmando a todos que
ele continua no poder e decidiu se pronunciar em um video de 10
minutos que foi ao ar ontem a noite.
Cheio de cortes toscos, numa edição que aparentemente foi
feita no Movie Maker, e sem a menor preocupação com os ecos do ambiente, a
Presidente falou. Falou tudo que o povo queria ouvir. Não com o carisma e a
inteligência que Lula o faria, mas fez. Um texto mal decorado, olhar perdido,
semblante assustado. Fez promessas vagas e repudiou a violência. Uma visível
marionete. Agradou o povo.
Nas redes sociais o público aplaudiu. Resolvido. Teremos a
Copa e não teremos Impeachment. Por enquanto.
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